sexta-feira, 20 de novembro de 2015

16) CADÊ MINHA MALA?



Me perguntaram por que não falei da Tam quando escrevi sobre passagens de avião pra cá. Bem, a Tam é muito superior às empresas europeias. Pelo menos as que conheci. Atendimento, comida, resolução de problemas. Só que é bem mais cara. No nosso caso, optamos por uma que estava mais barata, mas conhecida, pra não arriscar. A Air France.
Mas é preciso cuidado. Você compra uma passagem da Air France, por exemplo, mas ela passa trechos pra outras empresas (da Turquia, da Índia, da Espanha, do Marrocos, etc.). Sem avisar. Bem, as outras fazem isso também, mas as respostas a problemas são diferentes.

Não aconteceu conosco (pelo menos na vinda), mas meu filho teve a mala perdida quando veio pra cá com meu neto nos visitar. Ele também havia comprado a passagem da Air France, mas o trecho final (Paris-Valência), ficou a cargo da AirEuropa. É uma empresa espanhola, famosa por sumir com as malas. É só ver na internet. A empresa teria que adiantar 100 euros ao meu filho, ainda no aeroporto, pra ele se virar até supostamente encontrarem a mala. Não deram. Pediram 21 dias pra a encontrarem. E ele e meu neto só com a roupa do corpo. Claro, não encontraram a mala. Sempre diziam que estavam procurando. Um prejuízo danado. Havia até uma filmadora dentro. Agora, só com advogado. E aqui o consumidor não consegue exercer seus direitos como nós no Brasil. É um suplício conseguir alguma coisa. A Air France, que vendeu a passagem e passou um trecho para a espanhola Air Europa, disse que não tem nada com isso.

Se der, viajem pela Tam. Sempre me deparei com comissários e atendentes sorridentes e gentis, bem diferente da cara amarrada dos de muitas companhias estrangeiras. 

Já tive mala estragada em viagem pela Tam, dentro do Brasil. Reclamei no aeroporto, foram em casa buscar a mala, consertaram e a devolveram. Esses dias aconteceu isso com um passageiro da portuguesa TAP. Reclamou, os funcionários o mandaram entrar na Justiça. Dez a zero pro Brasil. 

E CUIDE DO QUE LEVA

Quanto a controle em aeroporto, a França e Espanha são mais rigorosas do que Portugal e Brasil. Graças a esse rigor, perdi um objeto de que gostava muito. 

Quando viajo de moto, uso minha mochila e carrego um canivete muito bom, que ganhei de presente. De estimação. Viajei pra cá com a mochila, e esqueci de tirar o canivete. Embarquei em Curitiba, depois em São Paulo, numa boa. Em Paris, me barraram. Eu não sabia por quê. Chamaram um segurança, pediram pra eu abrir a mochila. O canivete estava numa bolsinha externa. Pegaram e disseram que não poderia viajar com aquilo. Ficou com o segurança. Se eu tivesse sido barrado em Curitiba, poderia voltar e entregar pra minhas filhas, que estavam no aeroporto. Nós temos combinado de que quem leva pro aeroporto espera até o parente viajante passar pela fiscalização da polícia federal.

Indo pra Portugal, a revista na saída da Espanha foi muito rigorosa também. Tivemos que tirar tudo dos bolsos, cinta, relógio, líquidos e objetos metálicos das malas. A mala é desmontada e montada de novo. Tem até uma mesa pra isso. Nessa, perdi um pendrive. Na volta, em Portugal não foi preciso abrir mala, mochila, tirar cinta.

Pois é. Podemos perder objetos que levamos indevidamente, ou nos perdem as malas. Ou os dois.

sábado, 14 de novembro de 2015

15) ¿HABLAS ESPANHOL?

Eu e Ju não falamos espanhol.

Mas é mais fácil entender o espanhol do que o argentino. Vemos televisão, tanto noticiários como filmes. Como tudo tem legenda, dá pra entender. O contexto e as imagens facilitam.

Uma ajuda importante: o programa Tradutor, da Google, gratuito. Recomendo. Tem em muitas línguas. Se baixar o dicionário de português e da língua que lhe interessa, dá pra ser usado sem internet. Tenho ele no celular e no tablet. Dá pra usar no computador também. Traduz tanto falando como escrevendo. Palavras ou frases. Pra ver pronúncia tem que estar conectado. Pra escrever, não precisa. Quando aparece na TV alguma palavra que não dá pra entender, apelo pro tradutor. Quando tenho que telefonar, me preparo com ele, fazendo anotações. Entender é mais fácil do que falar. 

Pra conversar, pessoalmente ou por telefone, peço pra pessoa falar devagar. Fica bem tranquila a conversa.

É mais fácil compreender um espanhol daqui falando do que um português de Lisboa. Estivemos em Portugal (Lisboa, Porto e Coimbra). Os de Porto falam diferente dos de Lisboa. Daí a gente entende melhor.

Pra Português não dá pra usar o Tradutor. Não tem tradução (nem pronúncia) de Português de Portugal para Português do Brasil.

Os espanhóis são solícitos, de um modo geral. Procuram se fazer entender e ser entendidos. Nos dois meses aqui só tivemos dois atendimentos grosseiros. Um, logo que chegamos. Uma dona de um restaurante, que disse que não ia nos atender porque iria fechar dali a 30 minutos (??). Nós já havíamos estado lá no dia anterior, no mesmo horário, atendidos pela funcionária, muito gentil, e a comida foi boa. Dessa vez foi a dona. Poderia deixar de atender, mas explicar de maneira polida. Grosseria desnecessária. 

Outro foi um atendente da estação de trem aqui pertinho. Perguntei o preço de uma passagem para Alicante, ele disse, rispidamente, que precisaria ver no computador (bem à frente dele), que não sabia. Era pra eu olhar num quadro na parede... que não tinha essa informação.

Só esses dois casos. Os motoristas de ônibus são gentis, os atendentes nas estações de metrô e trem (fora esse) também.

Segunda tenho que ir a um banco pra fazer um pagamento de aluguel de apartamento em Madrid. Já vi que não é como no Brasil. Vou ver como é o atendimento pra eu aprender a fazer o depósito.


De novo: o Tradutor é muito bom pra nos ajudar. 

terça-feira, 10 de novembro de 2015

14) CASTELLóN DE LA PLANA, DE TREM

Aqui pertinho de casa, a cerca de 300 m, há uma estação de trem. Pegamos um pra conhecer Castellón de la Plana, capital da província de Castellón. A passagem, com o desconto que temos, custa 2,60 €. Bem, na volta, o vendedor não quis digitar o número de nossos cartões de desconto. Só fez de conta, e cobrou 3,50 €. Faltavam 5 minutos pro trem sair, não deu nem pra reclamar. A viagem leva 1 hora. Para em várias estações. 

A cidade tem cerca de 170 mil habitantes, fundada em 1251. Pois é. Com essa idade, pode-se imaginar encontrar prédios velhos, maltratados, sujos. Mas não. A cidade é linda. Os prédios antigos a deixam mais bela ainda. São bem tratados (como em Valência). As ruas, limpíssimas, o povo cortês. Como em Valência, vê-se o sol nas ruas, pois os prédios não são altos como no Brasil, que segue o modelo colonialista estadunidense. Não são altos, justamente para o bem da população. Pra haver sol.

Na página de fotos, coloquei algumas imagens de lá. Lugar bom pra se morar também. Logo que saímos da estação, a pé, demos de cara com um grande parque, todo arborizado, limpo, bem cuidado, o Parque Ribalta. Andamos mais um pouco e chegamos à Plaza Mayor, onde está o Mercado Central (1947), a Igreja Santa Maria de la Asuncion (fundada no final do Século XIII, que pegou fogo e foi reconstruída em 1549. Com a guerra civil espanhola, teve de ser reconstruída em 1939). Mais à frente, o Real Casino Antiquo (1923). Próxima, a Plaza de Toros (1887)e o prédio do correio (1927). Prédios lindíssimos. As plazas de toros se parecem com o Coliseu de Roma. Nas plazas de toros, se matam animais. No Coliseu se matavam pessoas (os gladiadores).

Uma coisa que achei interessante por aqui é que a paisagem entre as cidades não é bonita. Quando chegamos, no trajeto Madrid-Valência a vista é desanimadora. Agora, indo pra Castellon, a mesma coisa. Em compensação, as cidades são lindas. 

domingo, 8 de novembro de 2015

13) LIXO E COCÔ DE CACHORRO

Não é uma marca, é uma característica humana que se repete em vários países.

Numa das minhas caminhadas, numa rua estreita perto de casa, duas senhoras discutiam. Uma com uma vassoura na mão e um balde ao lado. Outra, com um cachorro numa coleira. A calçada, molhada, recém-lavada. Ao me aproximar, vi que a de vassoura reclamava que o cachorro conduzido tinha feito cocô na calçada, que isso não era correto. A do cachorro disse que não podia fazer nada. Ela saía com o animal, ele fazia, e daí? A outra disse que o cachorro realmente não tinha culpa. A culpa era da dona. Continuei minha caminhada. A discussão continuou.

Pois é. Curioso isso, mas pra se andar por aqui é preciso cuidar muito pra não enterrar o pé nos cocôs de cachorros distribuídos pelas calçadas. Não se veem pessoas passeando com os animais com o tradicional saquinho na mão. E o dejeto fica no meio da calçada.

Outra coisa é o lixo. Estamos acostumados, em Curitiba, a separar o lixo orgânico do “lixo que não é lixo”. Temos recipientes separados. Aqui no nosso bairro é tudo junto. E há muito lixo espalhado pelas calçadas. As pessoas jogam latinhas de cerveja, pets de refrigerantes, embalagens de salgadinhos, de chocolates, papéis de sorvete, embalagens diversas. Não só aqui. Ontem de manhã, passando de ônibus, vimos na entrada de uma faculdade um monte de lixo deixado na noite anterior. Lá por 10 h da manhã, os garis limpam tudo.

E não faltam lixeiras. Perto do ponto de ônibus que utilizamos havia lixo no chão, a dois metros de uma lixeira.

Agora pouco, um dos vizinhos desembalou alguma coisa grande que comprou, e depositou os plásticos e papelão embaixo de uma árvore na frente do prédio. A lixeira está a 20 m!

Caminhando, eu e Ju, no centro, um senhor estava com um cachorro, e, surpreendentemente, com um saquinho plástico nas mãos. O cachorro defecou, o cidadão recolheu o produto e... jogou na grama. Lá ficou o saquinho com o conteúdo desagradável. Perto, na calçada, uma lixeira parecia dizer: “Ei! Ói eu aqui!”

Com isso, não se pode generalizar que o espanhol é relaxado. São algumas pessoas, em alguns lugares. Questão de educação. Igual no Brasil. Generalizações são enganadoras. Isso não é uma característica do valenciano ou do espanhol. É uma ocorrência que acontece em qualquer país.

Muito menos pensar que isso quebra o encanto e a beleza da cidade. Adorei este lugar! De novo: são algumas pessoas, alguns lugares. Mal-educados existem em qualquer parte. 


PS.: Se quiserem ver o prédio mais estreito da Espanha (quiçá da Europa), está na página “Fotos”. Tem 1,05 m de largura. É verdade mesmo. Consegui só entrar no térreo. A escada estava impedida. Gostaria de conhecer por dentro. O andar deve ser um corredor, sei lá como.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

12) COMIDA ESPANHOLA É BOA?

Desfeitas as malas, pequeno descanso, e lá fomos nós para nossa primeira refeição em Valência. Por aqui, as cervecerías e botequerias oferecem um prato do dia. Consiste no primeiro prato (com umas 5 opções: macarrão, salada, paella, etc.), segundo prato (um peixe, um bife, com arroz, batatas, etc.), uma bebida (chope de 330 ml, ou refri, ou água), uma sobremesa (várias opções, muito boas) e um café. Custa de 7 a 10 euros. Depende do lugar. Às vezes oferecem porções de todas as opções do primeiro prato em vez de só uma escolhida.

Quando chegamos, nossa primeira refeição, perto de casa, foi um desses. Nove euros por pessoa. Comemos muito bem. De bebida, pedi uma “cerveza de barril” (o nosso chope), de um produto espanhol. A moça não soube dizer se as que eles tinham eram espanholas ou não.

Quando pedi a conta e o café final, a moça entregou o café e disse “Dieciocho”. Não entendemos. Inicialmente achamos que ela estava desejando uma boa sorvida de café. Depois, que ela se referia ao valor da conta. Fui até o balcão e disse que queria pagar a conta. “Dieciocho”, disse ela. Dezoito euros. Não cobram 10%. Dei uma nota de vinte. Deu o troco e eu disse que era dela. Apenas jogou minha gorjeta na gaveta. Não deu a mínima. Daí vi que gorjeta por aqui não é necessário. Nunca mais dei. Só em Barcelona, porque o garçom gentilmente disse que não era cobrada taxa de serviço, mas se quiséssemos dar alguma coisa, agradeceria. Era um paquistanês.

Bem, até pegarmos o apartamento definitivo, tivemos que comer fora no almoço. Café da manhã e lanche à noite, em casa. Depois que mudamos, nos abastecemos no mercado e passamos à comida caseira. Em algumas saídas, comemos fora.

Quando se pede cerveja, os bares servem um “aperitivo” junto, de cortesia: amendoim, ou batatinha frita, ou azeitona. Todos servem “tapas”, a pedido, que são porções de jamón, batata, salame, etc. Uma que sempre pedimos é a “patata brava”. Batata fatiada frita, com tempero e apimentada. Uma delícia. Se pedir a batata junto com o chope, não vem o “aperitivo” de cortesia. Quem quiser o apetitivo, peça o chope e só depois peça a tapa. 

Os preços de comida e bebida variam muito conforme o lugar do estabelecimento. Em lugares turísticos é bem mais caro.

Detalhe: usa-se bem menos sal nas comidas do que no Brasil. Assim, mais saudável. 

Estivemos uma semana em Portugal. Depois falo da comida de lá. Nos esbaldamos comendo bacalhau, a preço incrível. 

sábado, 31 de outubro de 2015

11) VOOS DE BAIXO CUSTO

Na Europa existem as empresas aéreas low cost. Além de os preços serem bem mais baixos do que os das empresas tradicionais, ainda fazem promoções bem malucas.
Dias atrás uma passagem para Londres ou Paris estava a 10 euros, partindo de Valência.
Difícil é achar passagem pra voltar. Não há regularidade. Você pode ter passagem só pra 10 ou 15 dias. Outro senão: os voos de baixo custo utilizam aeroportos menores, retirados da cidade. O de Londres fica a 50 km.
Pesquisamos pra aproveitar os 10 euros pra Londres ou Paris. Não deu porque o preço de hospedagem está muito alto. Para o retorno, daríamos um jeito indo pra outro lugar, depois pegando trem. E em Londres, além da hospedagem cara, a locomoção de 50 km do aeroporto encarecia as coisas.
Pegamos um voo pra Portugal. Não tão baixo o preço, mas bom: 68 euros ida e volta cada um. A volta, pra Barcelona. Depois, trem (25 euros). Numa empresa tradicional, ficaria em torno de 200 euros, e ainda levando cerca de 6 horas de viagem por trecho por causa de escalas.
Eu achava que essas empresas de low cost eram pequenas, com aviões menores, velhos. Pegamos a Ryanair. Uma empresa gigante. Tem 1.600 voos diários, 300 Boing novos.
É uma boa opção o voo low cost. Você tem direito a levar uma mala pequena, de 55x20x40 cm (até 10 kg), mais um objeto pessoal. Ela tem que caber num medidor de metal que há no aeroporto. Se passar das medidas, tem que pagar. Também existe a opção de levar uma mala maior no porão (15 kg), pagando 15 €.
Anunciam que cabem cerca de 90 malas no bagageiro acima dos assentos. Como são 180 passageiros, na fila de embarque oferecem pegar sua mala para despachar sem qualquer custo.  
Bem, ao contrário do que passageiros anunciavam na internet, não há o rigor de passar todas as malas no medidor. Os funcionários olham e só pedem pra passar aquelas em que houver dúvida. Senão o embarque demoraria muito. Se estiver fora do padrão, 50 euros ou largar a mala.
Algumas taxas: pra pegar a primeira fila de assento, 15/22,50 € (pela internet ou pelo aeroporto). Prioridade para embarque: 2,99/4,99 €. Escolher assento: 5,99/8,99 €. Trocar de voo: 50/75 €.  Pra levar um violão pras noitadas, 50/80 €. Reimprimir cartão de embarque: 15 €.Se quiser embarcar antes dos outros, pegar janela, tomar água, paga. O check-in tem que ser feito pela internet. Se optar por fazer no aeroporto custa 45 €. Em nossa viagem, um passageiro não sabia disso, ficou brabo, mas teve que pagar.
Durante a viagem oferecem produtos para venda. Tanto comestíveis como óculos, perfumes, malas da Samsonite e raspadinhas.
Os assentos são confortáveis, mas não reclinam.
É uma opção boa. E dá pra ficar acompanhando as promoções e só pegar quando o preço estiver bem baixo.
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PS – Em Portugal, quem tem 65 ou mais anos de idade tem desconto de 50% nas passagens de trem (que eles chamam de comboio). 

terça-feira, 20 de outubro de 2015

10) PAGAR COM QUÊ? CONHEÇA O PAYPAL

Pode-se pegar um cartão pré-pago, tipo Visa Travel Money. Você compra a moeda e manda colocar no cartão. Paga 6,38% de IOF. Com o cartão, paga contas e faz saques (saques têm custo, dependendo do terminal que utiliza). Pode-se trazer dinheiro (0,38% de IOF)ou, ainda, utilizar cartão de crédito (6,38% de IOF).

O cartão de crédito tem a vantagem de ter uma cotação menor na conversão para o Real do que quando se compra a moeda. E depende do banco. O Banco do Brasil é o melhor nisso.


Fui comprar passagens de trem pelo site da Renfe, a estatal das ferrovias da Espanha. Como já havia lido em blogs, não aceitam pagamento com cartão de crédito internacional. Solução: PayPal.  É um sistema que permite fazer pagamentos e transferência entre pessoas. Basta se cadastrar no site paypal.com.

Tenho faz tempo e utilizo, sem qualquer custo. O problema é que a cotação na conversão é maior que no cartão de crédito do Banco do Brasil. Mas é seguro e, muitas vezes, a única forma de fazer pagamento pela internet. Você cadastra um cartão no Paypal. Quando diz que quer fazer pagamento por ele, o site abre, você autoriza, e pronto. Não há necessidade de fornecer o número do cartão para o vendedor. 

domingo, 18 de outubro de 2015

9) DESCONTO NAS VIAGENS DE TREM

Na Espanha, todas as pessoas com mais de 60 anos, mesmo sendo estrangeiros, têm direito à Tarjeta Dorada. 

Tarjeta é o que chamamos de cartão. Com ela, se obtém descontos de 40% (de segunda a quinta) e de 25% (sexta a domingo) em passagens de trem de todo o país. Eu sabia disso por pesquisa na Internet e a primeira coisa que fiz foi comprar as nossas tarjetas no guichê da Renfe, a ferrovia estatal, por 6 euros cada. Já na compra das passagens de Madrid a Valência tive desconto.


Existe também o Carné Joven, para “viajeros”  de 14 a 25 anos, que dá desconto de até 30% nas passagens. 

sábado, 17 de outubro de 2015

8) CORRUPÇÃO À LA BRASIL

A corrupção corre solta por aqui também, ainda que, aparentemente, menos que no Brasil. Até na família real. Juiz também manda responder em liberdade. Mas os figurões são processados. Não me pareceu haver seletividade nisso, como no Brasil.

Lembremo-nos de que o juiz Garzón (o que mandou prender Pinochet), que queria fazer uma limpeza na Espanha, foi afastado de suas funções. Julgado, fica suspenso da magistratura até 2021. A população mostrou sua indignação.

Sobre o juiz, falou o escritor português José Saramago: "Com o afastamento de Garzón os sinos, depois do repique a glória que farão os falangistas, os implicados no caso Gürtell, os narcotraficantes, os terroristas, os nostálgicos das ditaduras, voltarão a dobrar a finados, porque a justiça e o estado de direito não avançaram, nem terão ganho em transparência e quem não avança, retrocede".

Tem um político poderoso, o Rato, pego em corrupção. Comissões de empresas, como no Brasil. Os espanhóis não saem às ruas defendendo o bandido, dizendo que é perseguido, como os brasileiros fazem com o Cunha.  Os grandes bandidos brasileiros só são denunciados pela justiça de outros países. E ainda se dizem perseguidos. O Cunha seria perseguido pela justiça suíça?


E a população espanhola pede punição pra quem tem acusações consistentes e fundamentadas (e pede mesmo), não pra quem alguma revista ordena. 


sábado, 10 de outubro de 2015

7) BEM DIFERENTE DE NÓS, BRASILEIROS

O que nos encantou de início em Valência foi a tranquilidade da cidade. No sábado à tarde, fica deserta, pelos menos nas imediações de onde ficamos. Nos dias de semana, das 14 às 16 h (algumas até as 17), as lojas fecham. As ruas vazias parecem um recolhimento para proteção subterrânea contra ataque nuclear. Mas é apenas a siesta espanhola. Siesta é uma banana que o espanhol dá para o capitalismo. A palavra vem do latim hora sexta, correspondente à sexta hora a partir da manhã (equivalente ao meio-dia).

O país está com desemprego alto, dificuldades econômicas, mas o povo não abre mão da qualidade de vida. O espanhol almoça tranquilo, descansa depois. Nada de comer correndo pra ir ao trabalho. Pesquisas comprovam que uma dormida depois do almoço deixa a pessoa mais produtiva. 

Barcelona não é bem assim. Estivemos lá por quatro dias. Lamentável. Estão se rendendo ao mercado.

Há uma região perto daqui com um grande shopping e a loja Corte Ingles, empresa espanhola com uns 10 andares. Vende de tudo. Nesses dois, o horário é diferente e não fecham para a siesta.

Farmácias fecham igual qualquer estabelecimento. Fazemos compras num supermercado grande, que não funciona sábado à tarde nem domingos e feriados.



Bares fecham cedo. Nada de bebum de madrugada. A cada pouco, uma praça, muitos bares com mesas nas calçadas. Sempre com gente tomando cerveja, a qualquer hora do dia. 

Aqui tem muitos idosos, que caminham sozinhos, alguns com suas bengalas ou apoiadores. Se sentam nos bancos das praças ou das ruas, caminham devagarinho, usam o transporte público.

A fama do mau-humor espanhol não foi mostrada até hoje. Fomos sempre bem atendidos. Claro, temos que adquirir o costume europeu de esperar o interlocutor acabar de falar antes de dizer alguma coisa. Nós, brasileiros, interrompemos o outro pra completar frases, pra mostrar que entendemos. Por aqui, isso não. 

Falei há pouco de índice de desemprego alto. Conversei com uma brasileira, de Maringá, que mora em Barcelona faz mais de dez anos, e ela disse que o desemprego alto refere-se ao formal. Como o imposto sobre o salário de empregado é muito alto, as empresas contratam informalmente. Então, na verdade o desemprego não é o que dizem os dados oficiais. Sei lá.

Pra ser atendido, em bares, lojas, você é ignorado até chegar sua vez. E sem pressa. Atendem devagar, tudo o que o cliente quer. A fila que se dane. Não há o: “Aguarde um momento. Já te atendo”. Quando chega sua vez, é bem atendido.

Não vi ainda lugar para atendimento prioritário a idosos, cadeirantes, grávidas, nem em supermercados nem em órgãos públicos.

6) TRANSPORTE COLETIVO

Valência é muito bem provida. Trem, metrô, tranvia (um metrô de superfície) e ônibus. Aqui onde estamos, temos ônibus a 50 metros, tranvia a 400 m (a tranvia faz ligações com metrô e ônibus), metrô a 1 km, estação de trem a 350 m (para cidades próximas). Pra pegar metrô, vamos de tranvia até a estação. Paga-se só uma passagem.

A passagem de ônibus, tranvia e metrô custa 1,50 euros. Se comprar cartão com 10 passagens, custa 8 euros ônibus, 7,20  metrô e tranvia. Um cartão magnético com 10 passagens para os três, custa 9 euros. Se for viajar para a periferia o preço é outro. Para o aeroporto, 3,90 euros. Táxi pro/do aeroporto, 20 euros.

O cartão (recarregável) se compra nas estações de metrô, nos tais Kiokos (vários na cidade) e nas charutarias.

Criança com menos de 10 anos não paga nada.

Para idosos acima de 65 anos há o Bono Oro. Custa 4,50 euros por trimestre, para utilização de todas as linhas de ônibus, sem limite de viagens. Eu quis tirar uma, mas é preciso estar “empadronado” na cidade, ou seja, registrado. Isso eu não vi no site. Vi lá no órgão. Pra registrar, comprovar residência. No meu caso, um contrato de aluguel. Não tenho, pelo pouco tempo que ficarei aqui. Todos habitantes fazem o “empadronamento” para usufruírem dos direitos de cidadão. 

5) LUGAR PARA MORAR

Como chegamos sexta à noite, não deu pra fazer nada pra alugar um apartamento pelo tempo que ficaríamos aqui. Tínhamos que sair terça-feira cedo do lugar onde estávamos. Pedimos vários contatos via internet, demos o telefone, sem retorno. Sábado e domingo, nem pensar nisso. 

Muita pesquisa, muitos telefonemas depois, no dia que tínhamos que entregar o apartamento alugado por quatro dias acabamos conseguindo um para o tempo que queríamos. Preço acima do planejado, mas não havia escolha, não havia tempo. Depois, claro, começaram a aparecer outras opções, o que confirmou que, se tivéssemos os quatro dias pretendidos para arrumar um lugar, teríamos conseguido algo mais acessível.

Pagamos um mês adiantado, mais uma caução para eventuais prejuízos que poderíamos causar (devolvida no final).


No aluguel de curto prazo não se paga condomínio, luz, água, internet. Tem roupa de cama e de banho, máquina de lavar roupa, lavadora de louça, freezer, geladeira. Alguns anuais também oferecem isso. 

Fundamental ter transporte público perto. Depois, mercado. Aqui, chamado supermercado. Pode ser um boteco, é supermercado. Um dia perguntei onde havia um mercado. Me indicaram o caminho, fui parar num mercado mesmo. Igual ao Mercado Municipal de Curitiba. Teria que ter perguntado supermercado.

A internet tem vários sites para aluguel, com opções de se negociar diretamente com o proprietário. Imobiliária cobra comissão de um aluguel. Queriam isso mesmo pra alugar por três meses, num ou outro apartamento que apareceu pra alugar por menos de um ano. 

O primeiro apartamento nosso foi alugado pelo Airbnb, que cobra uma comissão. O segundo, de tempo maior, diretamente com o proprietário.

Há opções de aluguel "corto prazo" nos sites. 


4) TER TELEFONE DO PAÍS É BOM?

Assim que chegamos na estação de trem em Madrid, precisamos ligar para a pessoa que tinha nos alugado um apartamento em Valência e estava nos esperando. Queríamos avisá-lo de que não chegaríamos no horário combinado por conta da greve dos ferroviários. 

Precisaria também depois, para os contatos para alugar apartamento em Valência. Comprei então um chip para o meu celular.Voz e internet. Dentro da Espanha não se paga por deslocamento. Liguei de Madrid para Valencia sem ter que digitar código de área. Sem adicionais.

Tem uma empresa em várias cidades chamada Telecor, que vende chips de diversas operadoras. Mas a Telecor tem planos especiais da Lebara, que só ela vende. Peguei um com 400 minutos para telefone (não precisava de tanto), e 1 GB para internet por 14 euros (válido por um mês). Ligações pra outro Lebara, grátis. 


Esses 400 minutos incluem ligações para 40 países, Brasil fora. Com 120 minutos para ligações, o chip ficaria em 10 euros. Depois compramos um chip pro telefone da Jurema por 5 euros, principalmente para nos comunicarmos, com direito a gastar 10 euros em ligações para outros telefones.

3) ERROS INICIAIS

Bem, a data da saída foi nosso primeiro erro. Queríamos alugar um apartamento para o tempo todo de Espanha, mas não pela internet. Teríamos que antes ver o local onde ficaríamos quase três meses. Assim, pelo site Airbnb, alugamos um apartamento por quatro dias. Supostamente, tempo suficiente para irmos atrás de apartamentos alugados por mês, bem mais em conta. Fomos agraciados com um movimento grevista dos ferroviários em Madrid e ficamos mais de 5 horas na estação de trem esperando pra poder viajar.

Chegamos em Valência numa sexta-feira, à noite, e tínhamos que sair do apartamento terça de manhã.  Portanto, sem tempo para procurar apartamento. Os quatro dias ficaram reduzidos a um e meio. Terceiro erro: pesquisamos preços de apartamentos por mês e vimos que estava dentro do nosso orçamento, mas esses valores são para aluguel para contrato um ano. Para tempo curto, poucos alugam e o valor é bem maior.

2) COMO IR

Tínhamos opções de passagens em várias companhias, mas nos fixamos na Iberia e na Air France. Optamos por irmos até Madrid e de lá de trem até Valência.

A Iberia tinha melhor preço São Paulo-Madrid. A Air France tinha melhor preço Curitiba-Madrid. Se pegássemos passagens separadas [Curitiba-São Paulo (TAM), depois São Paulo-Madrid (Iberia)], gastaríamos menos do que Curitiba-Madrid. Mas preferimos esta última opção, por causa das bagagens. Comprando junto, o voo obedece às regras de voo internacional já a partir de/até Curitiba.

O transporte do aeroporto de Madrid para a estação de trem é muito tranquilo. Tem metrô, mas o melhor é um ônibus expresso com lugar para malas, por 5 euros, pagos no embarque para o motorista.  

1) COMEÇANDO

Eu e minha esposa, Jurema, amadurecemos bem a ideia e  marcamos a data pra irmos. Claro, a data foi em função do preço das passagens e do custo de vida. Vimos que o outono era a melhor época, tanto pelos preços quanto pela temperatura na região a que iríamos.


Colhemos dados, principalmente de custos para o dia a dia. Existe um site, o www.numbeo.com, que mostra o custo de vida em várias cidades do mundo. Preço de arroz, carne, cerveja, roupa, tomate, batata, leite, etc. Além disso, você pode comparar os preços com outra cidade, em Euro, Real, Dólar ou outra moeda. Por exemplo, pode-se comparar Curitiba com Valência, ou Madrid com Almeria, e assim por diante. 

Bem, optamos por Valência por vários motivos além de custos.